O Egito ptolomaico é um período da história do Egito que decorre entre 305 a.C., (ano em que um antigo general de Alexandre Magno, Ptolomeu I Sóter, se tornou rei do Egito), e 30 a.C quando a rainha Cleópatra VII foi derrotada e o Egito passou a ser integrado no Império Romano como província.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Aproveitando promoções

Absorvendo Aléxandros




Bem, esse é um post meio off e meio on, já que não vou falar sobre um periodo ou personagem historico como foco principal, mas de uma promoção de ocasião, rsrs

Há mais ou menos 1 mes, eu recebi um e-mail de uma loja virtual da qual sou cliente fiel há muitos anos com as promoções de coleções de livros. Fui conferir já que já dei sorte com vários livros que estava "namorando", mas andava enrolando pra comprar por causa (da falta) do bendito 'cash'. E dei de cara com os 3 livros da saga Aléxandros de Valério Massimo Manfredi praticamente de graça!
Ora, quando damos de cara com livros que em média custam em torno de 60 reais separadamente, vendidos juntos por 20 reais, temos mais é que aproveitar, pois essas ofertas raramente batem na nossa porta (ou seria melhor dizer na nossa caixa de e-mail?) duas vezes, não é mesmo?
Pois é, pois é... "Arrematei" os 3 livros que estavam por 153 dindins por módicos 19,90! o.O E valeu cada centavo, pois estou amando capitulo!



Mas parando com a minha crise de ostentação de sorte literaria, rsrs, vamos aos livros:

Li o primeiro volume - Aléxandros: O sonho de Olympias - em 1 semana, e o livro não é fininho não, embora seja mais fino do que os que costumo comprar, tem 310 paginas muito bem escritas de forma não apenas instrutiva, já que nos tras muita informação historica que raramente lemos em livros de historia, mas que prende o leitor do inicio ao fim do livro.

Bem, eu sempre me apaixono por personagens femininas, já que acabo me identificando mais com elas do que com os homens dos livros por motivos óbvios, mas foi dificil não me identificar com Alexandre, Ptolomeu e até mesmo Felipe, que foram retratados de forma mais humana do que estamos acostumados a ver dentro da propria saga desse famoso rei macedonico que conseguiu conquistar magistralmente um dos maiores imperios da historia em apenas 10 anos de campanha militar.
Olympias e Cleopatra também aparecem bastante, e são bem trabalhadas em suas personalidades, medos e desejos de acordo com o papel feminino da mulher da nobreza da época. Adorei ver uma Olympia que não se importava com as outras mulheres de Felipe porque isso era mais do que normal em seu tempo, e que na verdade temia ser posta de lado pra não perder sua influencia na corte já que era uma rainha estrangeira num reino extremamente xenofobico, sabendo que isso não afetaria somente ela, mas também a seus filhos. Aliás, a humanidade de Felipe e Olympias dá um tom mais interessante na historia, já que estamos acostumados a ver um casal que se odeia e que deseja a morte do outro acima de tudo.

Neste romance, dividido em 2 capitulos, Ptolomeu não é posto como irmão bastardo de Alexandre, mas sim um de seus melhores amigos, aliás, um dos mais instruidos, se não for o mais. Na verdade, o autor se preocupa pouco com as mulheres e filhos secundarios de Felipe, apenas cita Arrhidaios, o meio- irmão deficiente mental de Alexandre que viria a sucede-lo futuramente. Aliás, gostaria muito de saber como o autor resolveria esse impasse, caso resolva citar a sucessão de Alexandre no final do terceiro livro, já que Arrhidaios acaba se casando com Adea Euridice, filha de Cinane, que também era meia-irmã de Alexandre e Arrhidaios... Mas acho que a trilogia deva encerrar na morte de Alexandre mesmo, sendo totalmente dispensavel a presença dos outros filhos de Felipe.

Bem, eu ainda estou na metade do segundo livro - Alexandros: As areias de Amom - mas ja me deliciando ao conhecer melhor artistas como Lisipo e Apeles, que ajudaram a eternizar a imagem de Alexandre, além de outras obras que fazem parte das mais importantes da história da arte! Aliás, Lisipo, Apeles e a musa Kampkaspe merecem um post a parte. E estou ansiosa para ver como Thais de Atenas será introduzida, já que ela entrou para a história como a mulher que deu a idéia de incendiar Persepolis durante as bebedeiras do banquete macedônio após a conquista da cidade.

Outro aspecto interessante da trilogia é o fato de se fiar no já tão batido e polemico clichê da suposta homossexualidade de Alexandre e de seu affair com Hefestion, que convenhamos, se torna totalmente desnecessario diante da magnifica saga desse jovem rei. Achei uma excelente escolha do autor não levar a história pra esse lado como a grande maioria dos autores costumam fazer. E eu não sou homofobica, muito pelo contrario, tenho diversos amigos e amigas gays e sou a favor do casamento homossexual e totalmente contra ao preconceito que sofrem, mas sou obrigada a admitir que o Alexandre de Oliver Stone se tornou tão apelativo ao dar uma exagerada importancia ao homossexualismo que chegou a ofuscar a lenda do rei no filme. Acho que foi por isso que acabei simpatizando tanto com a versão de Manfredi, apesar de ter gostado bastante do filme de Stone.



Anywayz, quando finalizar o ultimo livro - Aléxandros: Os Confins do Mundo - pretendo vir registrar minhas impressões na minha pseudo critica historica literaria, já que Ptolomeu já está registrando a dele durante a campanha contra Dario!

;)



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nova versão de Cleopatra para o cinema!

Cleopatra de volta às telonas

A mais famosa rainha de todos os tempos está pra ganhar uma nova versão cinematografica, e desta vez será interpretada pela bombshell Angelina Jolie!


Sua história é tão famosa e fascinante que já teve inumeras versões no cinema, sempre estrelada por simbolos sexuais do momento como Claudette Colbert, Vivien Leigh, Theda Bara, Sofia Loren, e, claro, Elizabeth Taylor. E na versão "seculo XXI" da rainha egípcia, vários nomes foram especulados, entre eles Katherine Zeta Jones, mas quem acabou ganhando o papel foi mesmo Angelina Jolie!


O produtor Scott Rudin adquiriu os direitos de adaptação da biografia "Cleopatra: A Life", de Stacy Schiff, e de acordo com a descrição do livro, a história mostra a ascensão da rainha, a luta pelo poder com seu irmão mais novo, seu romance com Júlio César, seu caso com Marco Antônio e seu desaparecimento, que até hoje não foi esclarecido. Stacy Schiff realiza uma proeza que escapou de muitos artistas e escritores há séculos: captar plenamente a vida de uma mulher extremamente sedutora e poderosa, cuja morte deu início a uma nova ordem mundial.
Segundo o produtor, "Angelina Jolie irradia graça e poder, exatamente as qualidades que Stacy Schiff busca."

Bem, basta lembrar de Angelina como a maravilhosa Olympias de Epirus em Alexandre de Oliver Stone pra termos uma ideia do que esperar de sua versão ptolomaica!



O filme está previsto pra 2011, quando Cleopatra completaria 2050 anos de idade!

;)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Os filhos de Ptolomeu Soter


A juventude de Ptolomeu Soter através de um livro sobre Alexandre

Eu estou lendo um livro que conta a vida romanceada de Alexandre o Grande chamado "O Fogo do Céu", da autora Mary Renauty, que é excelente por sinal e recomendo a todos.
Este livro é parte de uma trilogia, que se completa com O Garoto Persa e Jogos Funerários, e neste primeiro capitulo da trilogia, narra a infancia e adolescencia de Alexandre, sua convivencia com seus emblematicos pais e a amizade e lealdade construida com seus futuros generais.

É impossivel falar de Alexandre sem falar de Olimpia, de Felipe, de Hefestion, de Antipatros e Cassandro e, é claro, de Ptolomeu! E como meu assunto favorito é a dinastia Ptolomaica, é impossivel não me interessar pelas nuances das descrições de Ptolomeu I Soter, o salvador, em qualquer livro que eu leia.

Neste romance, Ptolomeu aparece como o irmão bastardo de Alexandre, cerca de 10 anos mais velho que o jovem principe. O jovem foi criado por Lagos, um nobre casado com uma das antigas amantes de Felipe, Arsinoe, mãe de Ptolomeu. Desde cedo, ele já demonstra que sempre sentiu uma certa hostilidade vinda do pai postiço, mas que o assunto não era falado por ser uma grande desonra, tanto para Lagos, quanto para Arsinoe. E que se alguem falasse sobre o assunto, Ptolomeu teria que lutar, e possivelmente matar, para que sua honra, e a de seus pais, fosse restaurada.
Ptolomeu é um dos amigos mais proximos e fieis de Alexandre apesar da diferença de idade. Mas o que mais me intrigou, não foi o fato de colocarem esse jovem soldado como um dos poucos gregos que se interessavam apenas por mulheres e não por homens, mas sim de colocar em certo ponto da historia que Ptolomeu acabara de tomar uma nova esposa e que esperava mais um filho.

Ora, é algo tão óbvio que Ptolomeu deva ter tido outras esposas ou amantes, e com isso filhos bastardos ou desconhecidos, antes de seu primeiro casamento registrado pela historia que foi após seus 40 anos, já nos ultimos anos da vida de Alexandre, na Babilonia. Mas o porque de eu nunca ter pensado mais a fundo sobre isso é que eu não sei, rs... Afinal, como eu acabei de dizer acima, é bastante óbvio que isso tenha acontecido, como é bastante provavel que sua(s) primeira(s) esposa(s) tenha(m) falecido jovem(s) ou mesmo deixada(s) pra trás durante os 10 longos anos das campanhas militares que Ptolomeu participou ao lado de Alexandre.

Mulheres e Esposas de Ptolomeu

O que sabemos sobre os filhos de Ptolomeu é que ele tomou como concubina Thaïs de Atenas, uma das mais famosas heteras que seguiam as tropas de Alexandre. Thaïs era uma das amantes de Alexandre, mas foi dada a Ptolomeu durante as campanhas na Persia, e com Ptolomeu, ela teve 3 filhos: Lagos, Leontiskos e Eirene. Os dois devem ter se casado em Susa, após o nascimento dos filhos que provavelmente nasceram durante as campanhas. Ptolomeu também se casou com a princesa persa Artakama, mas não chegou a ter filhos com ela. Assim que Alexandre morreu, Ptolomeu foi para o Egito e Artakama ficou na Persia.

Existem teorias de que Ptolomeu tenha se casado com uma princesa egípcia que teria sido chamada de Ptolomais pelos gregos, e que essa princesa seria uma descendente do ultimo rei nativo do Egito, Nektabeno II. Mas não se tem certeza sobre esse casamento, nem sobre a real existencia dessa princesa.

Após se tornar sátrapa do Egito, Ptolomeu realizou seu primeiro casamento diplomatico (o primeiro de muitos que viria a realizar através de suas filhas) ao desposar Euridice, a jovem filha de Antipatros, o regente de Alexandre, que era o homem mais poderoso do Império Macedônico naquele momento. Com Euridice, Ptolomeu teve diversos filhos, entre eles Ptolomeu Keraunos, Meleagros, Lysandra e Ptolomais.
Também são atribuidos à Euridice, Argaios e Theoxena, e mais um filho de nome desconhecido que deve ter morrido ainda na infancia. Mas também é possivel que Argaios e Theoxena fossem filhos de uma outra mulher. Eu acredito que Argaios fosse filho de alguma concubina, nascido antes da chegada de Ptolomeu ao Egito, e que Theoxena fosse filha da quarta esposa de Ptolomeu, Berenice I, o que também é bem provavel. Existem algumas teorias que colocam Theoxena como filha de Berenice com seu primeiro marido, em outras como filha de Ptolomeu, portanto é bastante possivel que Theoxena fosse uma filha que tivesse nascido antes do casamento de Ptolomeu com Berenice.

Mas voltando às duas ultimas e mais famosas esposas de Ptô... Bem, junto com Euridice, chegou ao Egito uma jovem viúva com seus 2 filhos pequenos, era uma prima de Euridice, sobrinha de Antipatros, e viuva de um dos generais de Alexandre chamado Felipe. Essa jovem viuva era Berenice!
Berenice provavelmente acabou sendo tomada como concubina de Ptolomeu num periodo proximo do seu casamento com Euridice, e assumida como esposa secundaria antes de dar à luz à Arsinoe, mas com a morte de Antipatros, acabou passando de esposa secundaria pra esposa principal. O fato é que Berenice deu pelo menos 3 filhos pra Ptolomeu após seu casamento: Arsinoe II Philadelpha, Ptolomeu II Philadephos e Philotera. Os filhos do primeiro casamento de Berenice, Magas e Antigone, foram "adotados" por Ptolomeu, e passaram a ser principes da casa real dos lágidas. E foi o filho caçula de Berenice quem assumiu o cargo de co-regente e herdeiro do trono de Ptolomeu, o que nos dá a certeza da influencia de Berenice com o marido que colocou os filhos mais velhos do casamento com Euridice de lado, preferindo o único filho que teve com Berenice como seu herdeiro de direito.
Berenice também viria a se tornar a primeira rainha da dinastia ao lado de Ptolomeu, e assumiria os titulos e os compromisso das antigas rainhas egipcias, restaurando a cultura faraônica.

Todos esses filhos só são conhecidos após Ptolomeu ter consquistado seu papel na historia como sendo um dos principais homens de Alexandre, sátrapa do Egito e Faraó. Sua vida antes das batalhas é desconhecida e pouco sabemos além dos nomes de seus pais até assumir seu cargo como guarda-costas do principe herdeiro macedônico, Alexandre. E é bastante obvio que um homem que teve pelo menos 4 esposas e 13 filhos conhecidos após os 40 anos de idade, tenha tido outras esposas e filhos antes de disso.

Agradeço à Mary Renaulty por ter trazido essa "luz" para meus conhecimentos ptolomaicos. Só fico triste de nunca poder confirmar essas teorias, já que não existem registros historicos que falem sobre a juventude de Ptolomeu I Soter... Ptolomeu se preocupou mais em escrever a historia de Alexandre, sem a qual não saberiamos tudo que está registrado sobre este magnifico homem, e se esqueceu de falar de sua propria vida. Mas já fico bastante contente com a teoria!

=D

segunda-feira, 8 de março de 2010

As Ptolomaicas - Parte 1

Como março é o mês em que se comemora o dia internacional da mulher, aproveitarei a deixa para falar das mulheres ptolomaicas, que realmente merecem seu lugar ao sol por terem sido mulheres de grande valor historico. Até porque, o nome Ptolemaios (ou vulgarmente conhecido como Ptolomeu) significa guerreiro, e as mulheres dessa dinastia fizeram juz ao nome!

A mais famosa de todas, claro, foi Cleopatra VII, ou Cleopatra a Grande. Mas ela foi uma das ultimas ptolomaicas, e suas predecessoras, apesar de não terem sido tão famosas, não foram menos ilustres. Comecemos então com as rainhas:

As Ptolomaicas




Berenice I Sotera

Quarta (ou quinta) e ultima esposa de Ptolomeu I Soter, mas a primeira rainha ptolomaica. Deusa.


Berenice, prima e dama de companhia de Eurydice, a esposa anterior de Ptolomeu (que deveria ter sido sua rainha), acabou sendo elevada à esposa principal anos antes dele resolver finalmente assumir a coroa do Egito. Ptolomeu foi o ultimo dos sucessores de Alexandre a se tornar rei, preferiu continuar sendo satrapa até ver que não fazia mais sentido não ser rei no titulo, já que já era de fato há pelo menos 20 anos.
Berenice, pertencia ao clã dos Antipatras, uma das mais proeminentes familias macedonicas, e era sobrinha de Antipatros, pai de Eurydice, e o governante da Macedonia após a morte de Alexandre o Grande. Ela já havia sido casada antes com um militar chamado Philip, e acredita-se que tenha acompanhado este primeiro marido durante as campanhas, adquirindo assim, grande conhecimento militar, um dos fatores que lhe fariam ter grande destaque como esposa principal do faraó do Egito.
Com excessão de sua filha caçula, Philotera, todos os filhos de Berenice foram reis e rainhas: Magas, seu filho mais velho do primeiro casamento, se tornou rei da Cireinaica. Antigone, sua filha também do primeiro casamento, se tornou rainha de Epirus ao se casar com Pyhrrus. Dos filhos que teve com Ptolomeu Soter, Arsinoe, se tornaria 3 vezes rainha, sendo a segunda mais importante rainha ptolomaica da historia, e Ptolomeu Philadelphos, seria o sucessor do pai, que deixaria todos os filhos da esposa anterior, Eurydice, de lado em prol dos filhos de Berenice I. Até mesmo Theoxena, que suspeita-se que tenha sido sua filha, se tornou rainha e esposa do rei Agathocles de Syracusa.
Como rainha, Berenice assumiu os trajes nativos de rainha, assim como suas funções, dando inicio à mistura cultural que permaneceria por 3 seculos dentro da soberania macedonica no Egito.
Após sua morte e a morte de Ptolomeu I Soter, o casal foi divinisado, e em sua honra, a cada 5 anos era realizada a Ptolomaieia (daonde se origina o nome deste humilde blog), a Grande Pompa, com jogos olimpicos, banquetes e desfiles por toda a Alexandria durante varios dias de festa em honra aos deuses Ptolomeu e Berenice.



Arsinoe II Philadelpha
Filha de Ptolomeu I Soter e de Berenice I. 3 vezes rainha. Faraó Mulher. Deusa.


Arsinoe II se casou aos 16 anos com o velho Lysimachus da Tracia, foi sua terceira (ou quarta) e ultima esposa, mas também a mais influente. Aos 20 anos já era proprietaria de importantes cidades da Tracia e uma das mulheres mais ricas de sua época. Como rainha, governou sozinha durante o periodo em que Lysimachus e seu filho e herdeiro Agathocles ficaram como reféns de guerra, tomando a frente de todas as negociações, ao mesmo tempo em que cuidava de negocios do estado.
Arsinoe teve 3 filhos com Lysimachus (Ptolomeu, Lysimachus e Philip), mas como seus filhos estavam muito atrás na linha de sucessão ao trono, ela instigou (ou denunciou) a suposta traição do filho mais velho e herdeiro do trono, que além de seu enteado, era também seu cunhado (Agathocles da Tracia era casado com sua meia irmã Lysandra). O herdeiro foi assassinado, e seus irmãos fugiram para a corte de Seleucos na Babilonia acompanhados da viuva Lysandra e dos filhos ainda crianças de Agathocles. Os filhos de Arsinoe se tornaram os primeiros da linha de sucessão, mas Lysimachus morreu pouco tempo depois em batalha contra Seleucos, que também viria a morrer pelas mãos de outro meio-irmão de Arsinoe, Ptolomeu Keraunos.
Com a morte de Lysimachus, Arsinoe deixou a capital Lysimacheia e fugiu para Kassandreia, aonde reinou por pelo menos mais 2 anos como rainha da Tracia e da Macedonia, enquanto Keraunos a sitiava, tentando tomar a coroa à força.
Após muitas negociações, Arsinoe e Keraunos resolveram se casar para selar a paz, mas na noite da festa de casamento, Keraunos promoveu o Massacre de Kassandreia, matando os dois filhos mais novos de Arsinoe, além do povo da cidade que se manteve fiel à ela sem se render à ele. Arsinoe e seu filho Ptolomeu conseguiram fugir. Arsinoe se exilou na Samotracia por 1 ano, até resolver voltar para o Egito, aonde afastaria sua enteada-cunhada homonima e tomaria a coroa de rainha do Egito para si, se casando com seu irmão caçula Ptolomeu II Philadelphos.
Arsinoe era uma rainha guerreira e inteligentissima, manteve o Egito forte, contribuindo energicamente com o crescimento politico, militar e filosofico, estreitando laços com o povo nativo, além de ter sido a principal responsavel pelas vitorias da segunda guerra siria durante os 9 anos em que foi rainha do Egito.
Arsinoe era considerada a verdadeira faraó pelos egípcios nativos, que lhe concederam os 5 nomes que só um faraó pode ostentar.
Após a sua morte, foi deidificada e adorada por todo o Egito, tendo estatuas suas em todos os templos, sendo procurada por peregrinos em busca de uma cura para problemas estomacais.

Berenice II Thea Euergetes
Filha de Magas de Cirene e Apama (princesa seleucida e única esposa de Magas). A primeira seleucida-ptolomaica da dinastia. Faraó Mulher. Deusa.



Neta de Berenice I, e única filha de Magas de Cirene, Berenice herdou o reino ainda menina. Magas já havia assegurado seu casamento com Ptolomeu III Euergetes desde que ela ainda era bebê, mas com a morte do pai, sua mãe Apama resouveu dá-la em casamento para Demetrios Kalós, da dinastia dos Antigonas, que também era ptolomaico por parte de mãe, a princesa Ptolomais, ultima rainha e esposa de Demetrios Poliorketes.
Bem, Berenice era ainda adolescente quando o casamento com Demetrios Kalos foi realizado, e acredita-se que tivesse em torno de 13 anos, de modo que o casamento não seria consumado até que ela tivesse idade suficiente para isso. Mas a jovem rainha adolescente flagrou o marido com a propria mãe na cama com menos de 2 meses de casamento, e Demetrios Kalos foi condenado à morte, e o noivado com Ptolomeu III Euergetes reestabelecido. 2 ou 3 anos depois, Berenice unia o reino da Cirenaica (ou Cirene) ao Egito, duplicando o tamanho do territorio em que ela e Euergetes reinariam.
Durante os primeiros 5 anos de casamento-reinado, Berenice reinou sozinha, já que Euergetes estava travando a terceira guerra siria para vingar a morte de sua irmã Berenice Phernophouros Syra, assassinada pela facção à favor da rainha repudiada em prol desta Berenice, Laodice I. Berenice Syra era esposa de Antiochus III Theos, rei dos seleucidas, e tio de Berenice II Euergetes.
Foi nas vesperas da partida de Euergetes para a guerra que Berenice II cortou seus cabelos e dedicou à Afrodite, pedindo pela vitoria e por um retorno seguro ao marido, mas os cabelos desapareceram misteriosamente, e na noite seguinte, uma nova constelação surgiu nos ceus de Alexandria: COMA BERENICES (leia mais aqui).
Com o retorno do marido, ela e Euergetes mantiveram um reinado sólido e próspero que durou 20 anos. Tiveram 4 filhos e 2 filhas, dos quais, Ptolomeu IV Philopator e Arsinoe III Philopator seriam seus sucessores.
Berenice foi uma rainha energica, e pode ser vista representada como faraó do Egito, usando os trajes masculinos do soberano das Duas Terras em diversos templos da época de seu reinado. A grande maioria deles mostra Berenice conduzindo bigas e esmagando inimigos, algo totalmente inusitado, visto somente durante o periodo amarniano com a rainha Nefertiti (que durante o periodo ptolomaico estava totalmente perdida e apagada da historia).
Após a morte de Euergetes, Ptolomeu IV Philopator e seus conselheiros Sosibios e Agathocles de Samos assassinaram Berenice II, assim como seus filhos Magas, Alexander e outro principe de nome desconhecido, além de seu cunhado Lysimachus, irmão de Euergetes. Philopator se casaria então com a princesa Arsinoe, a única irmã sobrevivente, que seria sua rainha e mãe de seu único herdeiro Ptolomeu V Epiphanes.
Assim como Arsinoe II Philadelpha, Berenice II também recebeu os 5 nomes de faraó, e era tida como a faraó mulher pelos egípcios nativos.
Berenice II Euergetes foi a primeira rainha ptolomaica a ser divinizada ainda em vida.

Em breve, mais rainhas ptolomaicas, governantes do Egito ou não!

Cleopatra VII, a filha de Isis

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Gamelion e os Festivais de Fertilidade


Gamelion: O mês dos casamentos!


Salvem, amigos e amantes! Estamos em GAMELION, o mês atribuido ao casamento de Zeus e Hera, e por isso, o mais auspicioso para a união de jovens amantes que pretendiam ter prosperidade e sucesso juntos, além de um monte de filhos, claro!




Gamelion é o periodo que vai da segunda metade de janeiro até o final da primeira metade de fevereiro, e durante esse periodo, era muito comum a realização de casamentos e festivais de fertilidade. Mas você deve estar se perguntando, porque falar de Gamelion e festivais de amor e fertilidade justo agora? Ora, estamos proximo do dia dos namorados do hemisferio norte, o Valentine's Day, assim como do Carnaval, a festa da carne! E adivinhe só aonde tudo isso se originou?

Bem, festivais de fertilidade eram muito comuns na antiguidade. No Egito temos os festivais de Hathor e Bast. Na Grecia temos a Dionisia, que são os festivais em honra à Dionisio que dariam origem aos famosos Bacanais romanos. Em Roma temos a Saturnalia e a Lupercalia... E vou falar um pouquinho deles nos proximos dias.


Começando com o Valentine's Day, atualmente uma festa cristã, já que é dia de "São Valentino", teve origem nas festas pagãs, principalmente na Lupercalia, que acontecia entre os dias 13 e 15 de fevereiro, bem, pra quem não sabe, o Valentine's Day acontece no dia 14 de fevereiro!

Bem, o Valentine's Day você deve encontrar milhares de sites e blogs na internet falando de suas origens, sobre quem foi São Valentino e patati-patatá, portanto, vamos às origens pagãs:



Lupercalia




A Lupercalia ou Juno Februata (ou febre de Juno) era um festival de fertilidade romano (possivelmente de origem sabina, e não grega, embora haja varias teorias que indicam uma origem grega também, como a da Anthesteria, um festival em honra a Dionisio que marcava o inicio da primavera). Enfim, durante a Lupercalia, um sacerdote de Lupercus (deus dos instintos primitivos e sensuais), ou o Flamen Dialis, passava pelas ruas de Roma guiando uma biga, munido de februas (chicotes sagrados) para chicotear as mulheres que queriam/precisavam ser ferteis. Eram as libações sagradas que ajudariam às mulheres a engravidar e ter um casamento próspero.





Uma curiosidade é que o mês de fevereiro ganhou esse nome justamente por causa desta festa, já que a palavra februa daria origem à palavra februare, que viraria february, ou o nosso fevereiro.

*Curiosidade mais ou menos Ptolomaica: Marco Antonio fez o papel de Sacerdote de Lupercus em uma tentativa teatral de transformar Cesar no Rei de Roma de fato, já que ele já era didator vitalicio. Bem, esse foi o famoso momento aonde Cesar rejeitou a coroa em prol da Republica! Agora, você deve estar pensando o que um fato da historia romana teria a ver com os ptolomeus, não é? Ora, Cleopatra estava em Roma nessa época, era amante de Cesar e mais um dos muitos motivos que faziam com que a intenção de comandar Roma de Cesar não passasse de algo totalmente republicano sem pretenções à monarquia. Tudo conectado!




Os festivais de Dionisio, ou Dionysia, acabaram originando outros festivais bastante conhecidos atualmente, como os bacanais, já que o nome romano de Dionisio não seria outro senão Baco, o deus do vinho e da alegria! Mas deixemos eles pra outro post, afinal, ainda temos o carnaval pra ser falado!

*Curiosidade Ptolomaica: A Dionysia foi muito festejada no Egito Ptolomaico, já que os Ptolomeus, assim como as casas reais macedônicas eram seguidores de Dionisio.


by mara sop

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O Templo de Bast da Rainha Berenice


A Rainha Berenice e a Deusa Gata


Há algumas semanas atrás, foi noticiada a descoberta de um templo dedicado à deusa gata Bast em Kom el Dikka, nos arredores de Alexandria.

O templo foi erigido durante o reinado de Ptolomeu III Euergetes, em honra de sua esposa adorada Berenice II.

Nos artefatos encontrados no templo além da estátua de Bast, temos uma linda estatua de uma criança com o nome de Bast inscrito nela. O mais bonito é ver que as cores da estatua ainda estão visiveis!



Mas quem foi a rainha Berenice II?

Berenice, ou Berenike, foi a 4ª rainha e esposa do 3º rei da dinastia ptolomaica. Era filha de Magas de Cirene (à oeste de Alexandria no norte da Africa), filho do primeiro casamento de Berenice I (ultima e principal esposa de Ptolomeu I Soter). Como integrante da familia real ptolomaica, ele ganhou o governo de Cirene (ou Cirenaica), aonde acabou se tornando rei.
Magas acabou se casando com Apama, filha do rei Antioco da Siria, aparentemente sua única esposa e mãe de sua única filha: Berenice!

Berenice acabou se casando com dois de seus primos, primeiro com Demetrios Kalos (ou Demetrios o Belo - filho de sua tia Ptolomais com o rei Demetrios Poliorketes) e depois com Ptolomeu III Euergete (que quer dizer "benfeitor", e era filho de Ptolomeu II Philopator e sua primeira esposa Arsinoe I da Trácia).

O primeiro casamento dela acabou rapido, menos de 50 dias, já que Demetrios foi pego na cama em fragrante com a rainha mãe Apama, o que o condenou à morte. Na ocasião, Berenice ainda era muito jovem e o casamento não tinha sido consumado. Dois ou tres anos depois, Berenice viria a se casar com seu outro primo Ptolomeu Euergetes, e viraria uma das mais lembradas - pelos alexandrinos, claro! - rainhas do Egito.



Berenice II foi uma grande rainha, ficando governando o Egito sozinha durante os anos em que o marido lutava a 3ª Guerra Síria, e acabou por virar lenda ao dedicar seu belo cabelo ao templo de Afrodite, para que seu marido tivesse um retorno tranquilo e vitorioso da batalha. Misteriosamente, sua oferenda desapareceu durante a mesma noite, e os sacerdotes justificaram tal ato ao fato de esta ter sido aceita pelos deuses e levada para o céu, na mesma noite, uma nova constelação surgiu no céu de Alexandria, e milagrosamente, parecia com a bela cabeleira da rainha, esta constelação foi batizada de "Coma Berenice", ou seja, "Cabelos de Berenice". Esse incidente seria celebrado e imortalizado no poema omônimo de Callimachus.



Como podemos ver, Berenice foi muito homenageada não apenas por seu marido, que lhe erigiu o templo de Bast em Kom el Dikka, ou pelos alexandrinos que nomearam uma constelação em sua honra. Mas a cidade de Benghazi (ou Bengasi) na Líbia, que pertencia ao distrito de Cirene, e foi renomeada em sua honra como presente de casamento, ou seja, a cidade passou a se chamar Berenice!

Berenice e Ptolomeu foram pais dos futuros reis Ptolomeu IV Philopator e Arsinoe III, além dos principes Magas, Alexandre e de mais um principe de nome desconhecido (possivelmente chamado Lysimachus segundo alguns estudiosos), além da princesa caçula, também chamada Berenice. Tragicamente, Berenice foi assassinada pelo proprio filho, Ptolomeu IV, em 221 a.C, aos 45 anos de idade. Aparentemente, o filho não queria associa-la ao trono, e "se livrou dela" com o auxilio de seus conselheiros assim que virou faraó. Um costume bastante comum nessa dinastia, assim como nas outras dinastias helenicas da época.

Cleopatra VII, a filha de Isis

domingo, 31 de janeiro de 2010

Skoob - Minha Biblioteca de Alexandria


Skoob - Minha Biblioteca de Alexandria


O sonho de todo leitor compulsivo é ter a sua propria biblioteca em casa, bem, foi através do skoob, um site de relacionamentos literario (uma especie de orkut para amantes de livros), que consegui descobrir que estou no caminho certo, tendo mais de 70 livros e lido quase todos, fora os que peguei emprestados de bibliotecas e amigos, rsrs...

livros que estou lendo agora: todos ptolomaicos

Bem, é lá que tenho postado minhas impressões através do "status de leitura" dos livros que estou lendo no momento (sim, livros, pq eu leio mais de um ao mesmo tempo, rsrs). Fora a oportunidade de trocar figurinhas com outros livros maniacos... Estou realmente amando o site! E se você também tem perfil no skoob, me procure por lá pra sermos amigos e trocarmos nossas figurinhas literarias também!

e como uma verdadeira "cleopatromaniaca", é claro que minha foto está um tanto quanto ptolomaica, rsrs

sábado, 30 de janeiro de 2010

Casamento Macedônico


Curiosidades sobre algumas tradições do mundo helenico:
O Casamento Macedônico

A dinastia ptolomaica era de origem greco-macedonica, portanto, é de se esperar que a grande maioria dos casamentos realizados dentro desta familia, seguisse a tradição macedônica. Abaixo, seguem alguns costumes e tradições que retirei do livro "A Casa da Aguia", o primeiro volume da Tetralogia dos Ptolomeus, de Duncan Sprott, que apesar de ser um romance, traz uma apurada pesquisa historica e narra muitos dos usos e costumes gregos e egípcios do periodo ptolomaico. Mas vamos a eles:

Os casamentos eram celebrados durante a lua cheia do mês de Gamelion, o mês sagrado de Hera, rainha dos deuses e padroeira dos casamentos.

A residência do noivo era decorada com louro e oliva e iluminada com tochas flamejantes.

Na véspera do casamento, as mulheres da familia da noiva, buscavam água na fonte da cidade para um banho ritual pré nupcial.

No dia do casamento, o noivo deveria estar trajando um khiton (túnica) branco novo, usando uma guirlanda e uma coroa de flores vermelhas, com o corpo untado dos pés à cabeça em mirra.

A noiva deveria usar um peplos novo, podendo ser branco ou não, preso com um "nó de Herakles" (que deveria ser desatado pelo noivo na noite de núpcias) e usar um véu adornado com uma grinalda de flores igualmente vermelhas, como as do noivo. O véu vermelho era sinal de bom presságio, apesar do véu branco ou azul serem bem populares também. A noiva deveria estar usando os melhores óleos e perfumes (os da Síria eram considerados os melhores na época dos Ptolomeus).

jóias do periodo: coroa estilo tiara com nó de herakles em ouro com pedras preciosas; diadema com nó de herakles toda em ouro; diadema de hera; cinto com nó de herakles; anel dourado de casamento.

Uma tradição era que o noivo usasse uma adaga de cabo preto atada ao cinto e a noiva usasse uma tesoura dentro de seu sapato esquerdo para cortar más influências que poderiam atormentar o futuro do casal.

As familias deveriam usar seus trajes mais finos e coroas de folhas de carvalho de ouro.

Durante o banquete cerimonial, tanto o noivo quanto a noiva, deveriam estar rodeados de muito amigos, que passariam a noite do banquete regados a vinho e com muitas azeitonas como tira-gosto. Ao casal, era servido bolo de sementes de gergelim, o prato nupcial símbolo de fertilidade e, aos convidados, pão.

O noivo deveria cantar as canções "do Corvo" e "da Andorinha", além de dançar muito, sendo acompanhado da noiva e dos convidados, ao som de liras, flautas, gaitas, tambores e muitas palmas que ditavam um ritmo que começava lento e ía aumentando até chegar ao frenesi. Quanto mais a noiva rodopiasse com graça ao som da musica, mais feliz seria o casamento.

Ao escurecer, o pai da noiva deveria passar a filha para as mãos do noivo. Então, o noivo poderia, finalmente, erguer o véu de sua esposa (a noiva, permaneceria coberta com o véu o tempo todo, até que chegasse o momento de o noivo ergue-lo após a troca de anéis de ouro). Essa cerimônia era chamada de ANAKLYPTERIA.

Após a cerimônia do véu, aconteceria a procissão de parentes, aonde todos, cantando à luz de tochas, acompanhariam a carruagem do casal pelas ruas da cidade, aonde a noiva carregaria a peneira e a grelha de bronze, símbolos das obrigações da dona de casa (mesmo que fosse uma mulher nobre e jamais precisasse desempenhar essas funções). Fazia parte da tradição que o pai do noivo aparecesse nessa procissão, usando uma láurea e, a mãe do noivo, segurando uma tocha flamejante para saudar a carruagem dos noivos e dar as boas vindas ao casal na residência do noivo.

A família e os amigos do noivo jogavam nozes e figos quando o casal cruzasse as portas da residência. E já na residência do casal, seria servido novamente aos noivos, uma refeição nupcial composta de bolo de gergelim, uma tâmara e um marmelo recheado com mel, símbolos de fertilidade.

Enquanto o casal estivesse no quarto, consumando o casamento, a festa continuava com os convidados cantando hinos nupciais, bem alto, para afugentar as más influencias (e abafar os gritos e gemidos da noiva, que sendo uma 'parthenos' - virgem - proavelmente se assustaria com o ato de consumação).

P.S. Nenhuma comida da cor vermelha poderia ser servida, pois vermelho era a cor da morte e as comidas dessa cor eram maus presságios num casamento, sendo usadas apenas em banquetes fúnebres.

by mara sop

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Analisando a Cleopatra de Shaw

Caesar & Cleopatra - part 2

Há pouco tempo atrás, foi postado nesse mesmo blog, uma coletanea de videos com a versão de 1976 de Cesar e Cleopatra inspirada na peça homonima de George Bernard Shaw.

Bem, Cleopatra VII foi a primeira celebridade da historia, e esse titulo lhe conferiu inumeras lendas que estão ligadas tão intrinsicamente ao seu nome, que a grande maioria das pessoas não sabe aonde termina a Cleopatra historica e começa a sedutora e inescrupulosa rainha da lenda.
Além das "lendas" criadas ao seu redor, ela também serviu de fonte para ilustres nomes da literatura mundial, e isso não quer dizer que a Cleopatra historica tenha prevalecido nessas obras literarias. Um desses grandes nomes supracitados, é justamente Bernard Shaw, escritor do final do periodo vitoriano que a retrata como a jovem e amedrontada princesa diante da tomada romana do Egito, na verdade, praticamente um retrato do estereotipo da mulher de sua época.
Para conhecer sua versão de Cesar e Cleopatra, basta ver os videos postados aqui, ou então, ver sua versão cinematografica com a explendida Vivien Leigh.


Comentarios 'não tão ptolomaicos' sobre Cesar & Cleopatra




Já na primeira cena, Cleopatra está escondida na Esfinge (sim, na Esfinge!) e dá de encontro com Julio Cesar, mas sem saber quem é aquele senhor tão distinto, lhe fala para procurar abrigo, pois os romanos estão chegando e Julio Cesar, seu comandante, é uma especie de monstro que come criancinhas...
Julio Cesar logo se encanta com a inocencia de Cleopatra e dá corda a seus medos, mas sempre jurando protegê-la deste temivel romano.
Já no palácio de Alexandria (que deveria ser ao lado da Esfinge, rs), Cesar lhe diz que ela deve se apresentar ao temivel romano como uma verdadeira rainha, e faz com que suas camareiras lhe vistam com todos os paramentos reais, enquanto a mimada Cleopatra as chicoteia por não fazerem tudo que ele manda imediatamente.
A "brincadeira" só termina quando os oficiais de Cesar entram no palacio de Alexandria e o saúdam como o grande Julio Cesar, e Cleopatra, aliviada e excitada, se joga nos braços de seu protetor.
A cena em que Cesar a introduz à toda corte alexandrina, mostra uma Cleopatra quase infantil diante de um irmão caçula que deveria, no minimo, ter uma reação muito mais "tola" do que a dela, mas ela continua sendo a menina mimada que só se importa em sentar-se no trono do Egito diante de seus inimigos, ao mesmo tempo em que não se importa nem um pouco em sentar-se aos pés de Cesar logo em seguida como uma criada qualquer. Mas o ápice das "peraltices" de Cleopatra está em se fazer embrulhar em um tapete (sim, a famosa historia do tapete se torna uma das situações mais bobas da peça de Shaw) e ser levada para a Ilha de Pharos, aonde Cesar estava no meio de uma batalha, apenas para ver o que ele estava fazendo e o que iria acontecer. Ou seja, além de tola e infantil, ainda é um peso morto!




Mas lembremos sempre que se trata de um classico da literatura, do teatro e do cinema, e portanto, deve ser conhecida por quem admira a historia de Cleopatra VII. A historia em si é engraçadinha, e Vivien está radiante no filme que serve apenas como entretenimento despretencioso, mas nunca como uma versão historica da rainha. Mas recomendo aos fãs de Cleopatra como arquivo de obras feitas sobre ela, assim como recomendo sua estória narrada por Shakespeare.



Curiosidades sobre Caesar and Cleopatra:


O escritor da peça, George Bernard Shaw colaborou diretamente com Caesar and Cleopatra, em sua versão de 1945, essa mesma estrelada por Vivien Leigh.
Após ver parte do filme nos estudios londrinos, Shaw remarcou, "Quantas possibilidades! São possibilidades ilimitadas! Aqui vocês tem o mundo todo para filmar!"

Existem também duas grandes produções desta mesma peça para a tv. A primeira feita em 1956, uma produção da NBC estrelada por Claire Bloom, Cedric Hardwicke, Farley Granger, Jack Hawkins e Judith Anderson.


Cena de Caesar and Cleopatra de 1976 com Claude Reims e Genevieve Bujold


A segunda versão é a de 1976, também da NBC, e estrelada por Geneviève Bujold, Alec Guinness, Clive Francis, Margaret Courtenay, e Iain Cuthbertson. Esta é a versão dos videos postados há pouco tempo aqui no blog.


Christopher Plummer no papel de Caesar em 2009
No festival de Stratford de 2009 foi feita uma produção estrelada por Christopher Plummer (o eterno Capital Von Trapp de "A Noviça Rebelde", no papel de Caesar, e Nikki M. James como Cleopatra, que foi distribuido para um numero bastante limitados de cinemas, mas acabou sendo lançado em DVD ainda durante o festival.

Vivien como Cleopatra em 1951

Vivien Leigh interpretaria Cleopatra novamente nos teatros em 1951, tanto na versão de Bernard Shaw "Caesar and Cleopatra", quanto na shakespeareana "Antony and Cleopatra", ambas ao lado de Laurence Olivier.



Acima, Vivien Leigh e Laurence Olivier em "Caesar and Cleopatra" e em "Antony and Cleopatra"

Em breve, Antonio e Cleopatra de Shakespeare! Por enquanto, fiquem com o trailer da versão cinematografica de Caesar & Cleopatra de Bernard Shaw de 1945, com Vivien Leigh e Claude Reims.



Cleopatra VII, a filha de Isis

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Era uma vez... o Reino da Macedonia




O Conto de Fadas dos Ptolomeus
by Mara Sop

Era uma vez, num reino muito distante chamado Macedônia, um principe que não perdia a oportunidade de arrumar belas jovens para a sua cama. Esse principe se chamava Felipe, e uma de suas belas concubinas se chamava Arsinoe.

Felipe ainda não era rei, pra isso, seu pai precisava morrer primeiro, mas tinha um grande potencial e ja era um excelente guerreiro.
Arsinoe, filha do nobre Meleagro, descendia de uma das mais nobres familias de Pella, a capital da Macedônia. Tudo seria muito lindo se a jovem Arsinoe não tivesse sido dada às pressas ao praticamente anônimo Lagus, e dado à luz poucos meses depois a um menino que chamaria de Ptolomaios, mais conhecido como Ptolomeu. Bem, quase uma década depois, Felipe ficou encantado pela bela e intrigante princesa de Épiro, Olympias, de apenas 16 anos!

Felipe e Olympias acabaram se casando, e tiveram dois filhos, Alexandre e Cleopatra.
Bem, Felipe podia ter se encantado com a princesa epirota, mas não abandonou velhos habitos, e Olympia era uma mulher de personalidade fortissima, não aceitava muito bem as outras mulheres de Felipe, assim como seus filhos com essas mesmas esposas, amantes ou concubinas. E se Olympia não era confiavel não só por ser uma especie de feiticeira, grã-sacerdotiza de Dionisio, mas também por ser uma mulher que não media esforços para atingir seus objetivos, suas rivais eram tão "confiaveis" quanto!
Mas aparentemente, tudo estava relativamente em harmonia: Felipe guerreava mais do que reinava, Olympias mandava em tudo, e seu filho Alexandre era o herdeiro do trono. Uma familia totalmente feliz, não é verdade?

A coisa só começou mesmo a pegar quando uma facção macedonica que não ía muito com a cara da rainha, conseguiu convencer Felipe de que um casamento com Cleopatra Eurydice, filha de um dos homens mais importantes da corte era o melhor que poderia acontecer à Macedonia, ja que, para os macedonicos, Olympias não poderia sequer ser considerada grega, era de Epiro, e o futuro do reino deveria estar em um herdeiro de sangue 100% macedonico, ou seja, um filho de Felipe com Cleopatra Eurydice, e não um principe "mestiço" como o filho de Olympias.

Olympias enlouqueceu com a situação, e ao lado de seu filho Alexandre, arrumou briga com todo mundo na festa de casamento de Felipe com a nova esposa, e ambos foram expulsos de Pella, embora algumas fontes digam que apenas Alexandre foi expulso, que Olympias teria ido embora por indignação e vontade propria.

Por dois anos, Olympias e Alexandre viveram em Epiros, até que diplomaticamente, Felipe os chamou de volta para fazer as pazes. Nessa ocasião, Felipe já tinha 2 filhos pequenos com a nova esposa, mas ainda garantia o direito ao trono pra Alexandre, além de renovar sua aliança com o reino de Epiro casando Cleopatra (sua filha com Olympias) com Alexandre de Epiro, irmão de Olympias e rei do reino vizinho. Sim, Felipe casou afilha com seu proprio tio, mas isso era comum na epoca, então não entremos em muitos detalhes, não é mesmo?

Enfim... Durante o casamento, Felipe foi assassinado, e até hoje não se pode ter certeza se Olympias estaria envolvida ou não na "encomenda" do crime, mas é fato que ela ficou muito feliz com a ocasião e prestou homenagens no tumulo do assassino do rei.

Agora Alexandre era rei, mas a Grecia estava unificada, Felipe não havia deixado nada para o jovem de 23 anos realizar em seu reinado, o que o jovem Alexandre faria para ter seu nome cantado pelos poetas? Ora, Olympias se dizia descendente do proprio Aquiles (o grande guerreiro da guerra de Tróia) através de seus filho Neoptolemos, que teria sido rei de Epiro, logo, seu antepassado. Como Alexandre poderia viver à sombra de Felipe, o grande unificador do Imperio Macedonico, e do lendario Aquiles? Não tinha como, então, ele decidiu que era hora de resolver as pendencias que a Grecia tinha com Darius III, o grande rei da Persia.

Mas o que tudo isso tem a ver com a historia de Felipe e Arsinoe, e ainda mais com o jovem Ptolomeu?

Ora, ora: Muito! Muito mesmo!

Ptolomeu era cerca de 10 anos mais velho que Alexandre, e quando regressou à Pella, para iniciar sua educação militar, foi nomeado "guarda-costas" do herdeiro do trono, Alexandre.
Ptolomeu pode não ter sido o amigo mais "chegado" de Alexandre, ja que não é segredo nenhum que o principe herdeiro e o jovem Hefestion não se desgrudavam desde criança, mas era sem duvida alguma, um de seus amigos mais confiaveis, tanto que o acompanhou por toda a sua vida, sendo um de seus mais fieies partidarios, e que futuramente seria um de seus sucessores, além do guardião de seu corpo.

Mas seria Ptolomeu meio-irmão de Alexandre, fruto do casinho de Felipe com a bela e nobre Arsinoe filha de Meleagro? Há quem acredite que não, já que Ptolomeu era chamado de filho de Lagus, e este seria o motivo pra um dos nomes de sua dinastia, os Lagidas.

Mas eu acredito que Ptolomeu era mesmo filho de Felipe com Arsinoe, por isso teve tantos privilegios quando chegou à corte, ficando logo de cara tão proximo ao principe herdeiro, tendo direito à mesma educação que Alexandre teve com o famoso Aristoteles, sendo um dos generais mais importantes do exercito macedonico e fundador da casa real mais duradoura do periodo helenico. Afinal, o filho de um nobre desconhecido não teria tantos privilegios assim, e Ptolomeu teve outros irmãos que não tiveram o mesmo destaque.
Nem mesmo Menelau, este sim, filho de Lagus e Arsinoe, conseguiu um destaque tão consideravel ao lado de Alexandre. De fato, Menelau deveu muito do que conseguiu à boa fama de seu irmão Ptolomeu. Mas isso já é uma outra parte da historia, e fica pra outra hora...

Por enquanto, Ptolomeu é guarda costas de Alexandre, e está de partida para guerrear contra o temivel e invencivel Darius III... O que será do nosso heroi?

Não percam os proximos capitulos!


O Conto de Fadas dos Ptolomeus by Mara Sop


domingo, 24 de janeiro de 2010

A Dinastia Ptolomaica

..
Ptolomeus ou Lágidas

A Dinastia ptolomaica foi uma dinastia de origem macedônica que governou o Egito entre 305 a.C. e 30 a.C. Recebe a designação de ptolomaica devido ao fato dos seus soberanos terem assumido o nome Ptolomeu (do grego Ptolemaios). É também conhecida como dinastia lágida em função do nome do "pai" do fundador da dinastia, Ptolomeu I, ser Lagos da Macedônia.

Bem, Ptolomeu I, fundador da dinastia, foi um dos generais de Alexandre Magno (o grande), e muito provavelmente, seu meio irmão, filho de uma das concubinas de Felipe II da Macedonia, apesar de ser chamado de "o filho de Lagos", mas isso já é historia pra outro post!



cartucho de Ptolomeu I Soter, fundador da dinastia

A dinastia insere-se no Período Helenístico, época que decorre entre a morte de Alexandre Magno e a ascensão do Império Romano, durante a qual se assistiu à difusão da civilização grega pela bacia do Mediterrâneo, criando novas formas artísticas, religiosas e políticas. Embora tivesse uma origem estrangeira, a dinastia ptolomaica respeitou a cultura egípcia, revivendo alguns dos seus aspectos do passado e adotando as suas divindades.


mapa do Império Ptolomaico em 200 a.C

Os faraós desta dinastia foram responsáveis por várias construções, entre as quais se destacam a cidade de Alexandria (com o seu farol e sua biblioteca), o templo de Hórus em Edfu e o de Isis em Philae.
 
Abaixo, a arvore genealogica simplificada dos Ptolomeus
 
 


Cleopatra VII, a filha de Isis

O Egito Helenico

...
Egito Helenico sim! A missão

O Egito ptolomaico é um período da história do Egito que decorre entre 305 a.C., (ano em que um antigo general de Alexandre Magno), Ptolomeu I Sóter, se tornou rei do Egito, e 30 a.C quando a rainha Cleópatra VII  foi derrotada e o Egito passou a ser integrado no Império Romano como província.


Ptolomeu I Soter e Cleopatra VII

Em 332 a.C. Alexandre Magno conquistou o Egito, onde foi acolhido pela população local como um libertador do país face ao domínio do Império Persa Aquemênida. Alexandre foi levado ao trono como faraó pelos sacerdotes egípcios e permaneceu durante seis meses no Egito para estabelecer o modelo administrativo do país. A cerimônia de coroação de Alexandre teve provavelmente lugar em Mênfis em 332 a.C.; segundo os relatos, Alexandre visitou no ano seguinte o oráculo de Amon no oásis de Siwa, onde o deus o teria reconhecido como seu filho, ao qual concedeu o domínio de todo o mundo.

No dia 7 de Abril de 333 a.C. Alexandre fundou na região ocidental do Delta do Nilo, a cidade de Alexandria, segundo um modelo de cidade grega. Alexandria seria a nova capital política do país, bem como o grande centro cultural e econômico do Mediterrâneo Oriental durante os próximos séculos.


Alexandre o Grande

Alexandre abandonou o Egito em Abril de 331 a.C. para prosseguir as suas conquistas territoriais que o levariam às portas da Índia, destruindo o Império Aquemênida. No seu regresso da Índia Alexandre adoeceu, vindo a falecer na Babilônia em 323 a.C., com apenas trinta e três anos de idade. Alexandre foi sucedido pelo seu filho, mas em pouco tempo o seu império foi dividido entre os seus generais. Em 305 a.C. um desses generais, Ptolemeu, que tinha sido sátrapa do Egito, tomou o título de basileus (rei) e inaugurou a dinastia ptolomaica.

Cleopatra VII, a filha de Isis

Caesar & Cleopatra by Bernard Shaw

Versão Rara de Caesar & Cleopatra



Ah poucos dias atrás abri uma conta no youtube apenas para postar videos historicos, documentarios e filmes baseados no Egito, e principalmente na Dinastia Ptolomaica.

Minha primeira "aventura" no mundo do youtube foram 7 videos de uma produção da tv feita em 1976 da peça de Bernard Shaw "Caesar & Cleopatra", com a talentosissima Geneviève Bujold (a Ana Bolena de "Ana dos Mil Dias"). Bem, essa versão é uma raridade, tenho procurado para baixar em torrent em melhor qualidade e não tenho conseguido, ja que a versão mais famosa é o filme de 1946 com Vivien Leigh (a Scarlett O'Hara de "... e o vento levou") no papel de Cleopatra.

Bem, espero que gostem dos videos!

Cleopatra VII, a filha de Isis

...

Caesar & Cleopatra















...

Em breve um comentario sobre a versão cinematografica de Caesar & Cleopatra com Vivien Leigh e Claude Reims nos papeis principais. Aguarde!

Cleopatra VII, a filha de Isis